Em Maio Café De Obreiros { Ministério Café de Homens }

Em Maio Café De Obreiros { Ministério Café de Homens }
Tema: O Relogio de Deus Havera Salvação depois do Arrebatamento ? Data 05/05/2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

"O bom Pastor"

“Bom Pastor”, imortalizada desde os primeiros séculos, como o atestam as pinturas das catacumbas romanas e os escritores cristãos. Para as primeiras gerações de cristãos, Cristo Bom Pastor, foi uma figura que cativou sua atenção. Naquelas pinturas se descobre a espiritualidade e a religiosidade das primeiras comunidades que conhecia a voz do pastor e experimentava de modo muito intenso que era Cristo a porta do aprisco, a porta da salvação.
Como no domingo passado, também hoje o Apóstolo Pedro é protagonista central das leituras que antecedem a proclamação do Evangelho na nossa Liturgia da Palavra. No trecho do discurso do dia de Pentecostes (cf. At 2, 14.36-41) o Apóstolo tem palavras corajosas e até diríamos, atrevidas para afrontar com clareza a questão da Ressurreição de Cristo. Era atrevido dizer aos judeus que Jesus de Nazaré, Deus feito homem, “veio para o que era seu e os seus não o receberam” (Jo 1,11), recusaram-no violentamente, prendendo-o a uma cruz. Pedro os acusa do assassinato daquele há tanto tempo esperado e desejado, o Rei de Israel, a esse dizia-lhes Pedro vocês o crucificaram cruelmente, pois Ele é o Senhor, o Messias prometido pelos profetas. Essas palavras eram uma terrível acusação: “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes”. (At 2,36) Esse “kerigma” cristão irá se repetir com atrevimento diante dos mais diferentes auditórios. Palavras que seguem ressoando com força. Deus estava escondido na debilidade de um homem, Jesus de Nazaré, que quis ser igual a nós em tudo, menos no pecado (cf. Hb 4,15-16). Este Deus escondido na debilidade humana aceita a morte. Mas, o projeto de Deus era outro: a vida. Portanto, o acontecimento pascal é uma revelação, quer dizer um mistério que desvela o que ocultava, a divindade de Jesus. Neste momento Deus revela ao mundo quem era na realidade Jesus: o Senhor e o verdadeiro Messias. Jesus de Nazaré verdadeiro homem em tudo, é o Senhor da história da humanidade e o único que garante a esperança humana de salvação.
Estas palavras provocaram nos judeus um sincero arrependimento e dispostos a tudo perguntaram: “Irmãos, que devemos fazer?” (At 2,37) Pedro respondeu: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados”. (At 2,38)
A Palavra do Senhor segue ressoando corajosamente nos nossos dias, no que diz o sucessor de Pedro, o Papa e no que nos ensina o “magistério da Igreja”. Mas, há quem hoje não acolha este ensinamento. Há muitos cristãos católicos que dizem não concordar com o que a Igreja lhes ensina como Mestra e recortam seu conteúdo, o interpretam e escrevem contestações ao pensamento da Igreja criando sua própria visão de fé. Que o Senhor nos dê força e nos ajude para que sigamos anunciando e testemunhando a verdade com clareza e energia. E demos graças porque a imensa maioria responde ao magistério da Igreja com fidelidade, às vezes heróica, apesar dessa minoria criticista.
O autor da chamada Carta de São Pedro numa verdadeira homilia pascal-batismal (1Pd 2,20-25) dá uma palavra de esperança e conforto aos convertidos que sofrem perseguição, movido por uma convicção profunda; que a vida dos que creem não é mais uma “Via Crucis”, um caminho de cruz, mas um caminho até a glória, através da cruz. O Batismo é uma participação no mistério da morte de Cristo. “Se fazendo o bem sois pacientes no sofrimento, isto sim constitui ação louvável diante de Deus. Com efeito, para isto é que fostes chamados. Também Cristo sofreu por vós, deixando-vos o exemplo, a fim de que sigais os seus passos”. (1Pd 2,20-21) O texto então propõe o símbolo da dor solidária de Jesus que ele a viveu em sua vida: “Por suas feridas fostes curados, pois estáveis desgarrados como ovelhas, mas agora retornastes ao Pastor das vossas almas”. (1Pd 2,24-25) Dizer que suas feridas nos curou é manifestar que sua entrega nos salvou de um mundo sem piedade e sem coração. Nós devemos notar que esta participação na morte de Cristo, por meio do Batismo, não é uma participação nos sofrimentos sem sentido, mas uma participação na morte que leva à vida, à ressurreição. Pois sua morte é uma morte por nós, quer dizer, para que nós vivamos. Portanto, a Ressurreição de Jesus é a porta da vida nova para Ele e para todos nós.
É a imagem da “porta” que o evangelho de João nos apresenta (cf. Jo 10, 1-10) neste quarto domingo pascal. No simbolismo da porta devemos enfiar a significação do mistério da ressurreição de Jesus.
“Em verdade, em verdade, vos digo: eu sou a porta das ovelhas”. (Jo 10,7) A porta é um símbolo que, na Bíblia significa algo mais fundo do que à primeira vista possa parecer. “Abri-me as portas da justiça, vou entrar celebrando a Iahweh! Esta é a porta de Iahweh: os justos por ela entrarão.” (Sl 118,19-20) São imagens que fazem referência a princípios legais e morais, a um modo determinado de comportamento. Por isso Jesus afirma: “Eu sou a Porta”, quer dizer, eu sou o modelo que há que imitar; o exemplo claro a seguir para poder entrar no rebanho. O que tentar copiar outro modelo, o que entra por outra porta, é um salteador: “Todos os que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem.” (Jo 10, 8-9) Por isso os pastores que não se identificam com Jesus, são falsos pastores, mercenários que só buscam os seus interesses, o seu projeto pessoal e não o bem do rebanho.
No Antigo Testamento se falava das portas do templo o da cidade. Diziam os peregrinos ao se aproximarem da cidade santa: “Por fim nossos passos se detêm às tuas portas Jerusalém”. (Sl 122,2) Para encontrar-se com Deus, para isso os peregrinos vinham à cidade santa. Agora Jesus é como a nova cidade e o novo templo para encontrar-se com Deus. Por Ele podemos entrar e sair para encontrar Deus e para encontrar a vida. Quem está fora dessa porta, quem pretendia construir um mundo à margem de Deus o pode fazer, mas não há outro caminho para encontrar-se com o Deus da Vida e com a verdade da nossa existência.
Fiquemos ainda com o simbolismo da porta. “Os pastores costumavam construir nos campos um abrigo para a noite. Um retângulo cercado por pequeno muro de pedra, com uma única porta e esta propositadamente estreita. Durante a noite vários pastores levavam ao abrigo suas ovelhas e um deles ficava de vigia a noite toda. De manhã, cada pastor chamava suas ovelhas, elas saíam pela única porta estreita, ele as contava e as levava a pastar. Todos conheciam essa prática. Mas lembremos que também as cidades eram muradas. Em Jerusalém, sobretudo, eram famosas as muralhas de Salomão e Herodes. Entrava-se e saía-se da cidade somente pela porta. Por isso, a porta significava proteção, segurança. Era na porta da cidade que se recebiam os que chegavam e se despediam dos que partiam. Por isso, a porta significava acolhimento, carinho. Era à porta da cidade que se faziam os negócios, que se comprava dos mascates ou se vendia aos estrangeiros em viagem. Por isso, a porta significava sempre uma possibilidade. Quando Jesus se compara à porta, podiam compreendê-lo a gente simples do campo e a gente requintada da cidade. Está dizendo que somente por Ele se entra no abrigo, somente por Ele se entra na cidade de Deus, no Reino dos Céus. Mas está dizendo também que nele nós encontramos segurança e proteção (Mt 11,28). Ele nos acolhe sempre que a Ele recorremos (Jo 6,37). Nele teremos a mais feliz e certa das possibilidades. (Neotti, 2001.)
Jesus é a porta sempre aberta, a porta de entrada da comunidade cristã. Uma porta sempre aberta de par em par jamais é obstáculo, é sim, uma possibilidade que se oferece e nunca obstáculo. Não sejamos nós pastores a colocarmos entraves, obstáculos ou dificuldades à salvação que Deus nos dá gratuitamente. A salvação passa necessariamente por Ele. As ovelhas que fazem uso da porta, quer dizer, os que aceitam a Jesus, estão a salvo, gozam da plena liberdade, ele caminha adiante do seu rebanho e conhece suas ovelhas, Ele conhece o nome da cada ovelha, e elas lhe conhecem a ele, o seu conhecimento é pessoal. Rebanho e pastor são um só e têm abundância de pastagens.
Jesus veio para que a humanidade viva e possa chegar à salvação. A porta é imagem da liberdade, da confiança. “Entrar” e “sair” são dois verbos significativos da vida como o nascer e o morrer. Em Jesus, porta verdadeira da vida, esta adquire uma dimensão inigualável. Ao dizer “eu sou”, se quer mostrar que Jesus faz o contrário dos ladrões que entram de qualquer maneira na casa: pelo telhado, pela janela, pulando o muro; para roubar, matar ou levar tudo o que podem. Jesus, porta, diz: ”Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo 10,10)